Marcelo D2 fala sobre a gravaAi??A?o de seu DVD

Taciana Marinho

11 anos atrás

Durante o prA?ximo final de semana (sexta e sA?bado, 31 de janeiro e 1 de fevereiro), D2 gravarA? o dvd do disco “Nada pode me parar”, o 6A? de sua carreira solo.

Em entrevista ao jornal EstadA?o, Marcelo contou tudo que vai rolar na gravaAi??A?o e um pouquinho sobre a sua vida.

Como vai ser o show, o que vocA? estA? planejando?

Eu queria ter uma experiA?ncia de pop art. Tenho visto algumas coisas acontecendo, principalmente com grafite, com arte de ruaai??i?? Visitei, recentemente, uma exposiAi??A?o no Moca, em L.A., que tinha um monte de obras de Basquiat, Andy Warhol, osgA?meos. E vi como aquela estAi??tica estA? integrada ao nosso dia a dia. Aquele bonequinho amarelo (marca registrada da dupla osgA?meos), por exemplo, jA? virou amigo da gente (risos). E eu queria trazer esse universo para o show.

VocA? bolou uma rA?dio para receber os mA?sicos que vA?o abrir o espetA?culo?

Acho que vai ser legal. Ai?? um palco alternativo, onde vou receber vA?rios amigos. Essa rA?dio serA? um outro show, que, por sua vez, vai abrir o meu show. Absolute bioavailability of buy motilium online is due to the pronounced. JA? estA?o confirmados Rappinai??i?? Hood, Haikaiss, Start e Akira Presidente.

E vai ter muita zoaAi??A?o, do jeito que vocA? gosta?

Sempre, nAi??? (risos) Brincadeiras de quermesse, enquanto o sonzA?o rola no palco da rA?dio. Vai ter o Jogue o Baseado na Boca do D2, por exemplo. Sabe aquela brincadeira da bola na boca do palhaAi??o? Pois Ai??ai??i?? Vai ter tambAi??m o Martelo do D2, com a minha discografia, desde UsuA?rio atAi?? Nada Pode Me Parar. E mais fliperama, pinball e uma loja.

Desistiu da pista de skate?

NA?o, vai ter a pista. Com skatistas profissionais. Mas quem quiser levar skate tambAi??m vai poder se apresentar.

VocA? vai andar um pouquinho?

NA?o dA? mais pra mim, nA?o, rapA?! (risos) Tenho cabeAi??a de skatista, mas joelho de vovozinhoai??i?? E quanto mais velho vocA? fica, mais duro o chA?o se torna. Aos 15 anos, tu cai e levanta, Ai?? rapidinho; com 25, tu cai (ele faz uma pequena pausa) e levanta; aos 35, tu cai (faz uma pausa demorada) e levanta; e aos 45, tu sA? cai. (risos)

Nesses 20 anos de carreira, o que mudou no Marcelo D2?

HA? 20 anos eu era um moleque, nAi??? Agora tenho famAi??lia, sou um cara mais maduroai??i?? quer dizer, minha mulher nA?o acha! Mas, falando sAi??rio, minha visA?o da mA?sica mudou, o entusiasmo da juventude se transformou em paixA?o de verdade. Adoro trabalhar com gente que tem ideias novas, com os meus amigos, gente em quem eu confio e de quem eu sou fA?. Outra coisa que mudou Ai?? que, antes, eu odiava tudo e todos; agora, sou odeio tudo.

Essa raiva vinha de onde?

Acho que era um fervor juvenil, mesmo. Antigamente, pra tu ter uma ideia, eu nA?o gostava de nenhuma banda. Falava: ai???Ah, LegiA?o Urbana Ai?? um saco!ai???. Hoje, eu falo: ai???LegiA?o Urbana? Ai??, tA? bom, belezaai??i??ai???. Mas, como eu ia dizendo, o cenA?rio mudou muito nesses 20 anos. Quando eu comecei, em 1994, nA?o existia internet, nAi??, cara? O cenA?rio musical, hoje, Ai?? basicamente virtual, porque a vida estA? muito virtual tambAi??m.

Nossa geraAi??A?o viu nascimento e morte do CDai??i??

Pois Ai??, olha que loucura! O primeiro disco do Planet Hemp foi lanAi??ado em vinil. E a gente pensou: ai???Se der certo, vamos fazer uma versA?o em CDai???. Porque, naquela Ai??poca, sA? artista de primeira linha tinha dinheiro para o digital. Quando a gente viu o UsuA?rio em CD, falou: ai???Caraca, mermA?o!ai??? (risos) Hoje nA?o existe mais CD e a gente continua aAi??, na luta. O lance mais complicado Ai?? que essas revoluAi??Ai??es mudam tambAi??m a maneira de vocA? ouvir e definir a prA?pria mA?sica.

E como vocA? se define?

PA?, aAi?? Ai?? difAi??cil. Eu cresci ouvindo samba em casa, passei pelo hardcore na minha Ai??poca de skate e, assim que montei o Planet Hemp, me apaixonei pelo jazz, por incrAi??vel que pareAi??a. Ouvia direto. E tambAi??m muito rap, claro; e reggae pra caramba. Cara, foram tantas influA?ncias musicaisai??i?? Ai?? muito complicado. Quando eu vou ao samba, os caras me chamam de rapper; quando vou ao rap, me chamam de sambista. O porteiro do meu prAi??dio acha que eu sou roqueiroai??i?? Sei lA?. Pode me chamar de qualquer coisa que tA? bom. Quer dizer, sA? nA?o chama de filho da puta porque eu nA?o gosto. (risos)

Ai?? essa carga de influA?ncias que explica o fato de vocA? preferir A?lbuns mais conceituais?

Ah, eu gosto. Nada Pode Me Parar, por exemplo, Ai?? um agradecimento Ai?? cultura hip hop, que mudou a minha vida, me deu autoestima, me fez conhecer o mundo. ai???Eu jA? caAi?? no chA?o, sA? que me levantei / Eu faAi??o o meu sistema, eu dito a minha lei! / Nada pode me parar.ai??? Isso Ai?? do ThaAi??de & DJ Hum e eu tinha escrito na parede do meu quarto, era um mantra. Quando pensei em fazer o CD, liguei para o ThaAi??de e pedi permissA?o pra usar o verso como tAi??tulo. Ele falou: ai???Vai lA?, beleza!ai??? Sabe como Ai?? rapper, nAi??? Pedi com respeito. Se nA?o peAi??o, de repente o cara manda me matarai??i?? (risos) Melhor garantir.

Em 2014 completam-se 20 anos da morte do Skunk. Sente muita falta dele?

Eu acabei vivendo o sonho do cara, nAi??? Essa amizade foi muito importante. A gente foi amigo sA? dois anos, mas Ai?? incrAi??vel como ele ainda estA? presente na minha vida. Ai??s vezes, eu sonho com o Skunk e acordo com aquela sensaAi??A?o de que preciso ligar pra eleai??i?? Caraca! Tudo que a gente viveu naqueles dois anos eu trago comigo atAi?? hoje. Talvez a paz que eu carregue agora tenha sido obra dele tambAi??m. Porque eu era briguento demais, andava armado, tudo pra mim era na base da porrada. Quando fui morar no Catete, na zona sul, foi ele que me chamou e disse: ai???MermA?o, aqui tu nA?o pode agir dessa forma. Tem de segurar a onda, senA?o tu vai preso!ai??? Foi o Skunk que me mostrou o caminho da paz, nunca vou me esquecer dele.

Hoje vocA? e a famAi??lia estA?o morando na GA?vea, nAi???

Cara, eu jA? morei no Rio de Janeiro inteiro. Hoje tA? na GA?vea, que Ai?? um bairro muito bacana, atAi?? pela simplicidade. Dia desses, um camarada meu, de Ipanema, apareceu por lA? e ficou pasmo quando viu uma padaria. Porque, nA?o sei se tu sabe, mas, em Ipanema, Leblon, esses lugares, nA?o existe mais padaria. SA? boutique do pA?o. (Marcelo faz biquinho) Ai?? um tal de la pain de la pou, le papain de nA?o sei quA?. (risos) Padoca mesmo nA?o tem. O lugar Ai?? legal pra caramba, Ai?? vida de bairro, uma coisa que eu adoro, porque me criei no subA?rbio, onde todo mundo se conhece. Foi minha mulher que achou o lugar, a gente ia muito ao Baixo GA?vea para beber e percebeu que era um bairro famAi??lia. Ao lado de Santa Teresa, Ai?? o grande reduto dos artistas, nAi??? Artista de verdadeai??i?? nA?o BBB, essas coisas, porque esses moram lA? na Barra. Tem muito artista plA?stico, mA?sico, chef de cozinha, roteirista, fotA?grafo, jornalista. Percebi que queria criar meus filhos num ambiente assim.

O Rio de Janeiro estA? melhor?

Dos anos 90 para cA? melhorou, sim. Naquela Ai??poca a barra era muito pesada. Continua sendo uma cidade violenta pra caralho, vocA? passeia pelos lugares e vA? fuzil em tudo que Ai?? canto, parece atAi?? coisa normal. Mas melhorou, sim. Antes era impossAi??vel, nA?o dava para andar na rua. Quer dizer, eu andava porque era jovem e fazia parte daquele meio, nAi??? Mas era difAi??cil. Acho que as pessoas meio que abraAi??aram a ideia da Cidade Maravilhosa, que deve ser usufruAi??da, e estA?o tentando dar uma arrumada. O problema Ai?? que ainda tem corrupAi??A?o demais, muita impunidade. Impunidade Ai?? o grande problema do Brasil, cara.

Como Ai?? o Marcelo D2 em casa, com a famAi??lia?

PA?, eu encho muito o saco dos meus filhos, sou muito pilhado. Eles dizem que eu sou irritante. Mas eu sou Ai?? provocativo, curto aguAi??ar a mente deles. Quando vamos ao cinema, na saAi??da eu sempre pergunto o que acharam do filme. E nA?o aceito resposta do tipo ai???foi legalai???, nA?o. Tem de falar direito, quero saber a opiniA?o mesmo. TambAi??m dou muito valor a ficar em casa, com a famAi??lia, chamar os amigos, fazer um churrasco. Gosto de receber gente em casaai??i?? coisa de cervejeiro, nAi??? (risos) Outra coisa que eu faAi??o muito Ai?? jogar videogame com eles. Sou viciado em Fifa Soccer. AliA?s, nA?o tem pra ninguAi??m. Por isso a Fifa me chamou para ser embaixador da versA?o 2014 do jogo (que tem uma mA?sica de D2, VocA? Diz Que o Amor NA?o DA?i, na trilha sonora). Cheguei no campeonato, aqui em SP, e ganhei de todo mundo, esculachei, tirei a maior onda. Agora, quero jogar com o Neymarai??i??

Ele Ai?? fera tambAi??mai??i??

Pois Ai??, uns amigos em comum jA? me preveniram. Disseram que ele vai me quebrar. Mas perder dele tudo bem, que Ai?? craque. O que nA?o pode Ai?? perder para otA?rioai??i??

VocA? Ai?? um pai liberal?

Em que sentido? PA?, meu filho mais velho fuma maconha. Tem 22 anos. Se eu fumo tambAi??m, porque ele ia fumar escondido?

Em relaAi??A?o Ai?? maconha, acha que o exemplo de Uruguai e Nova York, que legalizaram para fins medicinais, pode ser aplicado no Brasil?

A legalizaAi??A?o Ai?? uma tendA?ncia mundial. NA?o Ai?? mais questA?o de ai???seai??? vai legalizar, mas de ai???quandoai??? vai legalizar. SA? que, primeiro, os EUA vA?o ter de fazer issoai??i?? SA? depois a gente vai falar sobre o assunto. order valtrex AtAi?? porque esse negA?cio de ai???fins medicinaisai???, sabe como Ai??, nAi??? Basta falar que vocA? tem glaucoma, insA?nia. PA?, eu tenho insA?nia! Verdade! E sempre pensei que era por causa da maconha! (risos) Um problema aqui no Brasil Ai?? que a gente tem muitos ai???paAi??sesai??i??dentro de um mesmo paAi??s. Vamos ter de tomar cuidado com isso. Por exemplo, como Ai?? que vocA? legaliza a maconha em SA?o Paulo, no Rio e tambAi??m no AmapA? ou no Acre? Acho que, no Acre, seria mais fA?cil, porque estA? cheio de Ai??ndio por lA? e Ai?? uma coisa quase cultural para eles. O importante, na minha opiniA?o, Ai?? detonar o trA?fico. NA?o que o fim do trA?fico vA? acabar com a violA?ncia. A violA?ncia Ai?? uma questA?o inerente Ai?? cidade grande, independe das drogas.

Teu pai tambAi??m era liberal?

Muito.

Mas, quando vocA? tinha 15 anos, ele te esculachou, te deu porrada.

Foi a A?nica vez, ele disse que nA?o estava me batendo como pai, mas como homem ai??i?? me botou no prumo.

E o que vocA? tinha aprontado para merecer aquilo?

NA?o posso falar no jornal, nA?o, cara. SenA?o, vou preso! (risos) Mas foi uma merda muito grande. Tu nA?o tem noAi??A?o. Meu pai nA?o me batia, nA?o. Foi sA? essa vez.

FONTE: EstadA?o