Quando você abre o Youtube, dá play no vídeo e começa a assistir o clipe da música “Carta Branca” do rapper Mano Cappu, com participação de Zidane, de alguma forma você se sentirá tocado.
Fazia tempo que eu não assistia um vídeo clipe de rap nacional que abordasse uma história na qual eu de alguma forma me sentisse preso, com o clipe da música “Carta Branca” eu me senti preso e representado pela cena inicial, na qual um policial aborda um homem negro de forma desrespeitosa, algo bastante frequente em comunidades carentes.
Mano Cappu é um rapper de 31 anos, foi criado na vila Diadema II – CIC, região periférica da cidade de Curitiba. Foi encarcerado de forma injusta durante 18 meses por uma imprudência policial, essa música foi criada pelo artista para falar sobre esse período. Cappu está no rap desde 20015 e começou sua carreira solo no ano de 2014 com o lançamento da mixtape “Não Pare Agora“, nessa mix você encontra o sentimento do artista para retratar parte do que foi ficar todo esse período atrás das grades.
No tempo que Mano Cappu ficou preso, ele teve que provar sua inocência, pois as autoridades policiais não quiseram/fizeram o trabalho de investigação da melhor forma possível. Um detalhe curioso disso tudo foi que ele ficou preso junto com seu pai, porém o rapper é categórico ao afirmar que o seu pai é de fato envolvido com o mundo do crime.
Depois que Mano Cappu saiu da cadeia ele viu que o encarcerado precisa ter voz, que precisa ter seus direitos respeitados. Cappu quer retratar a violência policial; além disso ele quer retratar a violência que a sociedade comete contra um ex-detento com os seus julgamentos e a falta de oportunidade. A inclusão é essencial para a reintegração do individuo junto com a sociedade.
Essa não é uma música na qual o artista se posiciona contra as corporações de segurança pública, mas sim uma música que relata a falta de preparo dessas entidades.
Com imagens do filme ‘’Nóis Por Nóis’’ da Grafo Audiovisual, dirigido por Aly Muritiba e Jandir Santin, o clipe ‘’Carta Branca’’ relata algumas das várias faces do despreparo ocorrido em parte das ações policiais nas regiões periféricas.
O clipe conta a história de 4 diferentes jovens que são perseguidos por não aceitarem a violência sem motivo com a qual são tratados durante o que deveria ser uma “abordagem de rotina”. O intuito do clipe é levar esse assunto a um debate afim de buscar junto as autoridades uma solução para esse problema que afeta diretamente a população negra periférica.