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Lady Laay lança o som ‘Subversão Feminina’ e dispara: “Nesse movimento também somos protagonistas”

Em bate-papo com o RND, a recifense contou que o principal objetivo da música é ajudar as mulheres a não terem medo de enfrentar o machismo e acabar com a disputa feminina, incentivada desde a infância.

Cada vez mais, as minas tomam a cena no hip hop brasileiro e mostram que lugar de mulher é onde ela quiser sim! Somando a cena nordestina, Lady Laay lançou neste sábado (1) o som “Subversão Feminina“, que fala sobre os problemas que as mulheres enfrentam no dia a dia, não somente no rap, mas em todos os âmbitos da sociedade.

Em bate-papo com o RND, a recifense contou que o principal objetivo da música é ajudar as mulheres a não terem medo de enfrentar o machismo e acabar com a disputa feminina, incentivada desde a infância.

— Mais do que um desabafo, a música busca pregar a união, sororidade, empatia, fim da rivalidade feminina e despertar nas mulheres seu espírito de luta, as instigar a sair da inércia, não se submeter, se empoderar, se apoderar de si mesma, e subverter a realidade a que a mulher vive.

Integrante do grupo PoderFemininoCrew, que usa o rap e o comprometimento para empoderar as mulheres da periferia, Laay, não poderia deixar de falar (e, claro, apoiar) a resposta da rapper Lívia Cruz a música “Quem Tava Lá“, de Costa Gold, Luccas Carlos e MC Marechal, com “Eu Tava Lá“. Para ela, o som foi um desabafo de todas as minas do hip hop.

— Ela falou por todas nós. Através dessa música pudemos ver ser botado pra fora tudo que estava entalado em nossas gargantas! É mais que uma mera diss, é nosso grito de resistência, autoafirmação, pois estávamos e estamos lá, aqui e em todo lugar, porém somos invisibilizadas por um movimento que se diz ser contra o sistema, porém se mostra tão opressor quanto ao agir com machismo e misoginia. Que esse som sirva de encorajamento para tantas outras mulheres gritarem e cuspirem verdades na cara dos caras que insistem em nos reduzir a um mero corpo e objeto de satisfação dele! Que esses caras entendam que neste movimento também somos protagonistas, também ajudamos a construí-lo, existimos e resistimos; e a tendência é só ficarmos cada vez mais fortes e nossa grito cada vez mais alto!

A questão da visibilidade da presença feminina no hip hop tem ganhado muito destaque, mas o trabalho das minas só está começando, afinal, o rap ainda tem grande dificuldade com a presença delas. Para a recifense, a mulher é tratada de duas formas na cena: tem sua presença ignorada ou é coadjuvante.

— Somos extremamente sexualizadas nas letras e flyers dos eventos. Quando fazem músicas falando de mulher ou é objetificando, a tratando de forma perjorativa (chamadas de puta, vadia, bitch e etc.), ou é retratando a mulher dos seus desejos, como um mero objeto de satisfação masculina, ou seja: até nas músicas em que falam “bem” de mulher, na verdade, o homem está sempre no centro e a mulher girando em torno dele e de seus desejos. Nos eventos a presença feminina é incentivada somente como plateia, com meia-entrada ou entrada free; somos usadas como meras iscas para atrair mais homens pagantes. Porém, nossa presença no palco é rechaçada e nunca estamos nas programações e line-ups. Quando a mulher consegue alguma conquista no rap, seu mérito é retirado e colocado em algum homem. Sempre acham que a mulher conseguiu por causa de “fulano”, geralmente o companheiro. Somos sempre “a mulher de fulano” e nunca chamadas pelos nossos próprios nomes. Fora o fato de que se uma mulher se envolver com um integrante da cultura hip-hop e, algum tempo depois, se envolver com outro da mesma cultura, já é taxada de “maria mc”; e pronto: isso já é suficiente para maioria reduzir a nada todo seu valor e trabalho.

Dá play e vem ouvir essa pedrada da Lady Laay:

https://www.youtube.com/watch?v=w2GbRKopz9I