Ontem(10), o Hip-Hop foi decretado patrimônio cultural e imaterial do estado do Rio de Janeiro. A lei de autoria de Marcelo Freixo (PSOL) e Zaqueu Teixeira (PDT) foi aprovada na Alerj e sancionada pelo governador, Pezão.
A decisão cobre todos os elementos artísticos do gênero, como Break, Grafite, Rap/MCs e DJs, e torna proibitivo a criação de regras para eventos de hip-hop que sejam diferentes das mesmas que já regem outras manifestações culturais.
Além disso, Hip-Hop se torna um assunto prioritariamente de responsabilidade da Secretaria Estadual de Cultura, permitindo abertura de editais especifícos para iniciativas da cultura Hip-Hop.
“Eu conheci o Deputado Zaqueu Teixeira antes dele começar esse processo, ele me ajudou em relação ao problema que tive na Batalha do Tanque.
Fiquei Bastante contente e animado com essa notícia, é um passo significativo para aumentar o empoderamento das Rodas Culturais, no qual o Rio de Janeiro é um dos pioneiros e hoje existe aproximadamente 100 manifestações culturais do gênero que acontece semanalmente.
É uma forma de facilitar os organizadores a continuarem fazendo as devidas manifestações e ocupações com um respaldo que vai ajudar contra a opressão policial que infelizmente acontece com certas regularidades no estado. É um passo na direção certa, mas ainda um passo humilde considerando o tamanho das necessidades dos eventos e importância da cultura para os jovens cariocas e de comunidade!” – Felipe Gaspary, organizador da Batalha do Tanque.
Wesley Brasil, comunicador e envolvido nos bastidores da cultura hiphop na região metropolitana do Rio falou:
“O Rio de Janeiro está vivendo um caos em todos os segmentos, da saúde à segurança pública. Some isso com a discriminação que a cultura da periferia, não só o hip-hop, mas também o funk já vive naturalmente. Esse reconhecimento, pelo menos no papel, pode ajudar a ampliar a discussão sobre a importância do hip-hop nesse cenário sórdido carioca.
Não foram poucas as vezes que escutei a frase clássica: “O Hip-hop salvou a minha vida”. Dos caras do ADL aos da Telemafia, do Tanque aos amigos da Batalha do Real. E quando olho pra mim mesmo, vejo que o hiphop também salvou a minha vida: talvez eu não teria ido pra vida torta, mas certamente não teria encontrado um ambiente que me trouxesse apoio emocional e me permitisse ganhar dinheiro com algo que acredito.
Espero que essa lei nos ajude, aqui no Rio, a captar junto da iniciativa privada e amplie as possibilidades pro setor”.
A lei e a decisão vem de surpresa, dado não só o momento cultural do país em relação ao prefeito Marcelo Crivella quanto ás constantes investidas anti-cultura que são realizadas nas Rodas Culturais do Rio de Janeiro. Espera-se que isso pelo menos ajude a evitar arbitrariedades
Fonte: Jornal O Globo | Fotos por Lucas Sá