Como músicas criadas em um beco no município de Biguaçu, grande Florianópolis, se tornaria algo tão forte? Um CD com abordagens e debates de temas que falam do povo preto na sociedade brasileira (sociedade racista) em um contexto pós colonial. É isso que propõe o primeiro CD do grupo As Margens, intitulado “Poesia Preta“.
O grupo foi criado por Will e Insano, após uma serie de conversas que sempre geravam muitos debates, os mesmo sentiram muita afinidade pelos mesmos meios de luta, o que demonstrou muita sintonia resultando na criação desse grupo, o nome veio após ambos se sentirem literalmente as margens da sociedade.
As Margens, por onde passou deixou um legado, formando um time de pessoas que se sentiram tocadas pelas verdades ditas nas letras que jamais serão verdades únicas, mas sempre defendidas com vigor e embasamento para o debate da ideia, o grupo sempre teve uma troca de energia muito boa com as pessoas, sempre atraindo o que emanamos, coisas boas.
Com a entrada de Rafal MC e Dj Bomani, concretiza-se ainda mais uma resistência do povo preto pela melhoria de vida de toda uma nação. “Poesia Preta” é uma luta personificada em 11 faixas que estão nesse lindo CD, abordam temas que envolvem as dificuldades vivenciadas pelo negro em sua rotina diária, o racismo, o mal mais gritante, a desigualdade social a repressão policial e o preconceito velado sobre religiões, costumes, comidas, vestimentas, dança, dialeto e muitos outros temas pouco debatidos. Todo esse conceito e essa temática com beats e flows diferenciados.
É o que esse primeiro CD das Margens está trazendo ao publico, sem essa de rap game, As Margens desde o principio defendeu o levante de uma revolução popular e essa revolução do povo. Com certeza pra quem parar e ouvir perceberá o quanto esse trabalho está recheado de referências e mais que referencias, vivencias diárias de quatro pretos que não suportam mais a vida nessa sociedade brasileira racista, transformando o rap em uma arma de defesa/ataque para quem esta na busca de conhecimento/informação.
Critico, incisivo, questionador, sem medo.
É isso que o grupo vem lhes apresentar nessa primeira obra. As musicas colocarão os privilégios, ou seja, todo o racismo institucional em cheque. Sem amarras, sem grilhões, As Margens veio mostrar que o opressor deve ser combatido e vai ser combatido.