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ELAS: Entrevista com a rapper e modelo Ouro Natto

Carol Ouro Natto, ou simplesmente Ouro Natto Mc é mais um exemplo do Hip-Hop salvando vidas. A rapper e modelo nascida no Lauzane (São Paulo),  bateu um papo com nossa colunista Raizza Prudêncio e construímos mais uma entrevista para a nossa coluna ELAS.

Por Raízza Prudêncio

RND: Obrigado Carol por conceder essa entrevista, para iniciamos nossa conversa gostaria que você falasse para os nossos leitores, de onde você é, e quando o Hip-Hop encontrou em sua vida.

Ouro Natto: Sou de Sp. Zona norte, bairro Lauzane Paulista. O Hip Hop começou, entrou e salvou a minha vida, quando eu ainda era criança, meu primeiro contato com a cultura Hip Hop, foi com um de seus elementos, o Break. A partir daí, muitas coisas começaram a fazer sentido pra mim.

RND: Com quantos anos resolveu se tornar Mc? Porque você disse que o Hip Hop salvou a sua vida?

Ouro Natto: Cantar, ser Mc, começou a partir de uma proposta que recebi há 2 anos atrás. Com 23 anos. Não estava nos planos ser Mc. Eu diria que foi o inesperado mais esperado que aconteceu no meu caminho.

O Hip hop salvou minha vida, pq da onde eu venho, e de como eu cresci nos não tínhamos muitas expectativas na vida. Origem humilde, periférica…muitas são as dificuldades. E a partir do Break, do esporte..e do teatro, aguçou em mim muitas vontades, que posteriormente viraram sonhos..e realizar estes sonhos tem sido meu principal objetivo.

https://youtube.com/watch?v=D_Qald0ShPo

RND: Você ainda vive na periferia, como você enxerga seu papel enquanto artista nesse contexto?

Ouro Natto: Lauzane paulista é um bairro que cresceu, modernizou muito…a favela de uns anos atrás hoje virou classe media….hoje as casas de madeira por aqui são raras, mas nos temos áreas de extremo abandono. Jardim peri alto, Elisa Maria, uma parte do Pedra Branca, tudo aqui do lado, e tem gente que passa fome ainda, e vive ao lado de um córrego.

Minha relação com a perfiferia é mais abrangente, não é só onde moro, ou morei..

Meus pais nasceram e se criaram em favela. Meus avós sobreviveram sempre lindando com a  extrema pobreza a vida inteira. Na minha família não tem herdeiro. Descendo daqueles que nunca saíram da escravidão. De 500 anos p cá, a história não mudou muito. E eu dentro da música, tenho esse objetivo de mudar minha realidade, a da minha família,me com certeza ajudar a mudar outras realidades também. Meu papel e obrigação, é ser exemplo. Cada artista tem uma arma na mão, a minha é o microfone, e eu gosto de atirar informação, eu acredito que a música tem muito poder. Gosto daquelas que me tocam, que me fazem refletir, que me traga uma mensagem, então decidi que minha música seria assim também.  Ser exemplo é o desafio. Mas temos que ser.

Foto por: Flávio Freire

RND: Recentemente você fez um show no Sesc Santo Amaro, como foi essa experiência?

Ouro Natto: Foi minha primeira apresentação com banda, toquei um som inédito no dia, o qual levei dançarinas para ter essa primeira experiência com música e dança, olha foi incrível..aprendi muitas coisas neste dia..levei minha equipe para registrar, saiu um vídeo muito legal, fotos incríveis, gostei muito!

Além da honra de dividir o palco com grandes Mc’s, mulheres como Lívia Cruz, Cris SNJ, Amanda NegraSim, Lua Rodrigues..compõem o cenário do Rap Nacional, OMC uma história de muita luta e resistência..

Eu era a mais nova ali..foi um dia histórico.

https://www.youtube.com/watch?v=k-KlF7DLHXE&app=desktop

RND: No começo deste mês, tive a honra de participar pela primeira vez do projeto Divas do Hip Hop.

Ouro Natto:  Sobre o projeto Divas do Hip Hop, é composto por uma banda só de mulheres, e tem como objetivo trazer Mc’s mulheres para cantar suas próprias canções e tambem interpretar grandes hinos do Rap Nacional.

Neste projeto, as mulheres tem espaço, voz..e isso é tudo o que queremos no meio da música.

RND: E para terminarmos nossa entrevista, gostaria que você falasse quais são os seus planos pro futuro.

Pretendo lançar meu disco ano que vem, meu objetivo é trabalhar cada vez mais para chegar onde preciso. Tem clip pra lançar, parcerias, participações, tem inúmeros trabalhos e projetos para iniciar.

Quero levar minha música para o Brasil todo, e pra fora dele também, correr de forma independente é um caminho árduo, tem que querer muito.

Mas acredito na minha mensagem, no meu trabalho, e sei que posso transformar minha realidade hoje através da minha música.

Meu maior plano para o futuro é vencer. Levantar a bandeira do que mais acredito, cantando Rap. Acho que todo muito quer construir um legado, ser exemplo.

Ser reconhecido pelo que faz, e com isso mostrar as pessoas que é possível sim quando se acredita e luta pelos seus sonhos; a chave é a persistência.

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