Hudson Martins, o Mussoumano, é um rapper diferente. Sua carreira é focada na plataforma de vídeos Youtube, onde hoje alcança 2,8 milhões de jovens pelo Brasil e mundo a fora.
Mesmo que seu estilo cômico não o agrade, há de concordar que Mussoumano está atingindo um público que o rap ainda não chegava, fazendo este conhecer outros artistas do rap brasileiro, afinal, seu vídeo mais popular tem a marca de quase 30 milhões de acessos — Na gringa, rappers como D-Storm, Prince Ea, Timothy, Dyme A Duzin e Wax também focam no youtube como principal meio de trabalho. Já no Brasil, além do Mussoumano, outro exemplo é o rapper Fábio Brazza.
Mussoumano começou a se interessar por rap ainda na pre-adolescência. Suas referências vem do seu cotidiano, onde, apesar do Rap ser o carro chefe, não se apega a um estilo musical.
O youtuber já vem lançando uma música por semana em formato de vídeo no Youtube há mais de 2 anos. No final de 2015, o artista deu um passo importante em sua carreira como rapper lançando sua primeira música de trabalho, intitulado “Vem Pra Gangue” — o clipe oficial conta com 2,5 milhões de visualizações — E recententemente, na primeira segunda-feira de março, soltou o segundo single de trabalho, chamado “Pica das Arábias“, que após 6 dias já reúne quase 1 milhão de plays.
Troquei uma ideia com Mussoumano e descobri que o mano vem de Tapera, periferia de Flopira, e já gravou alguns raps sobre os problemas de seu bairro, como armas e drogas. “Pra quem pensa que só fiz rap contra Peppa Pig, já ataquei outros porcos na minha rima (risos)” diz. Confira todas as respostas do Mussoumano na íntegra separadas por assunto em tópicos:
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Início do envolvimento com o Rap
Comecei a escrever e gravar meus raps quando tinha uns 15 anos, naquela mesma época eu me interessei em produzir meus próprios beats, estudando e praticando em casa através da internet (que era bem lenta hahaha) e com uns equipamentos muito zoados que eu tinha mano.
Por volta dos 17 anos, ainda focado, meu trabalho começou a chamar a atenção de uma galera do bairro que curtia rap e também estava querendo gravar seus próprios sons, vim da Tapera, um bairro da periferia de Floripa. Comecei a produzir alguns manos, eu fazia os beats, gravava e mixava os raps dos caras, tudo na parceria. Fiz vários raps pesadão com eles, falando dos problemas do bairro, armas, drogas, um som bem diferente do que eu faço hoje. Pra quem pensa que só fiz rap contra Peppa Pig, já ataquei outros porcos na minha rima (Hahaha).
Em 2008 montei meu primeiro grupo de rap, o Art Brutal, a gente começou escrevendo sobre os problemas da sociedade e situações que a gente via no bairro. Tempo depois mudamos a pegada, pra algo mais cômico, que vinha de encontro com minhas produções audio visuais que fazia desde de 2006, quando postei meu primeiro video no Youtube.
Tenho essa veia cômica, e isso eu já fazia a muito tempo nos meus vídeos. Meu som e dos manos que eu produzia já tava tocando nos carros e nos “mp3” da galera na época. Mas quando mudei o conteúdo da minhas letras pra algo mais irônico, as pessoas estranharam, desvalorizaram meu trampo, então foi ai que foquei 100 % no Youtube, com meus videos, juntei as 2 coisas que mais curtia fazer, rap e video.
Tanto que em 2013 com todas as dificuldades me formei em Comunicação, para aperfeiçoar meu trampo em vídeo.Então tô aí até hoje, diariamente produzindo meus videos e trabalhando sem parar. Muita gente não entende meu trampo, desvaloriza porque “sou do Youtube” mas só eu e a galera que me acompanhou sabe como é difícil essa batalha.
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O vulgo Mussoumano
Apesar de o meu nome soar muito parecido, não sigo o Islamismo e não tenho nenhuma relação com a religião. Antes de eu adotar esse nome artístico, amigos e pessoas próximas já me chamavam de Muçulmano, Osama, Homem Bomba, terrorista, por causa da minha barba. Quando criei o nome “Mussoumano” acabei utilizando o apelido “Muçulmano” como base, desconstruindo a palavra e criando uma nova que remetesse ao “cara de barba” e também ao rap (sou mano). Já uso o nome Mussoumano a tanto tempo que já perdeu um pouco o a relação com a religião, virou apenas meu nome.
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Referencias
O cotidiano é uma referencia muito forte pra mim, não apenas a música. Ouço de referencia pra compor meus sons qualquer tipo de música, até as ruins (hahaha).
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Alcance no Youtube e propagação do Rap
Eu acho uma parada totalmente louca, o cara escrever um som, ou fazer um video e sozinho atingir tanta gente, isso sem usar a Televisão e os meios convencionais de mídia, mano é uma parada muito foda!
Muita gente enxerga meu trampo como algo sem sentido. As vezes é sim (hahaha), mas até o Eminem ou o Snoop Dogg são sem sentido as vezes. Querendo ou não, eu tô “apresentando” o rap pra uma galera que muitas vezes nem ouvia, tinha preconceito. Vejo uns moleque de 8 e 10 anos, e os pais deles cantando minhas músicas mano, isso é sensacional.Vários adolescentes falando pra mim que não ouvia rap e começou a ouvir depois de conhecer meu canal no Youtube, isso pra mim é um impacto totalmente positivo. Já introduzi nos meus videos, letras do Sabota, Racionais, imagina uma criança de 10 anos cantando Sabotage, de uma geração que não era nem nascida ou que nem conhecia o som do Sabotage e muitos outros Mcs, reviver isso é animal.
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Carreira fora do Youtube
Estou focado nas minhas músicas de trabalho agora, como o single “Pica Das Arábias” que lancei esse mês e o “Vem Pra Gangue” lançado final do ano passado. Meu plano é lançar mais singles como esses, e em breve montar um CD com essas e outras músicas inéditas. Mas como são raps mais trabalhados, gravados em estúdio, eles levam mais tempo pra sair. Mas já tenho muitas músicas chegando pra esse ano.
Tenho um novo projeto, no meu canal, chamado “Mussoumano Convida”, convido um Rapper para mostrar o seu trabalho e fazemos uma música nova juntos. Assim como fiz no último episódio da serie onde que convidei o rapper Funkero. O público curtiu muito, pretendo continuar com a série.
Esse ano irei levar meu rap para os teatros de todo Brasil em um projeto ainda não divulgado, em breve trago mais informações pra vocês.
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Além disso, Mussoumano ainda tem um jogo chamado “Mussoumano, Salvando as Latifas” — um dos mais baixados do Google Play e App Store — e uma loja, “Gringga” onde vende seus produtos independentes. E ainda neste ano, planeja um novo jogo, “Ataque dos Haters“, que chegará para PC, e consoles como PS4 e XBOX1. “Tem muitos projetos vindo por aí, o trampo não para. Quero agradecer vocês pelo apoio e dar os parabéns pelo trampo que vocês fazem pelo Rap Nacional. Tamo junto! Vamo crescer” finaliza o rapper.