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Coruja BC1 lança EP “Antes do Álbum”. O RND ouviu primeiro, confira:

Durante este período de pandemia e com geral em casa, o que tem matado a saudade de colar nos shows de rap é as lives. Embora não seja a mesma coisa, é o que estamos podendo fazer, por isso, #FiqueEmCasa para superarmos esse momento o mais rápido possível.

Enquanto isso, alguns mc’s estão aproveitando este tempo para canetar a vontade, e nós, o público, agradecemos por isso. Entre esses mc’s, quem parou para escrever um pouco e vai soltar um ep amanhã (13/05) é o rapper Coruja BC1.

O EP nem foi lançado ainda, mas alguns versos colocados pelo mc em seu Twitter tem repercutido bastante, e isso é apenas uma camada fina do que o ep “Antes do Álbum” é.

Como o próprio nome do trampo sugere, é o ep antes do álbum, isso porque o próprio Coruja já havia anunciado que no segundo semestre de 2020 ele irá lançar seu mais novo trabalho que se chamará “Brasil Futurista“. Então isso significa que vem mais trabalho f#oda por ai!

Então vamos começar a falar do ep “Antes do Álbum“:

O EP conta com 7 faixas e 23:28 minutos que merecem toda a sua atenção!
Metade do ep é um Coruja BC1 que talvez muitos ainda não viram, com uma pegada totalmente diferente, mas vamos com calma para falar sobre isso.

As artes que desenham cada som foram feitas por DellaTorre, em uma pegada que me lembrou muito o desenho “super-choque” e a série em quadrinhos “The Boondocks“. Uma baita referência para o cara que é mestre das referências.

Fora isso, vale destacar também todo o conceito histórico que está por trás da data de lançamento 13/05, mas para isso vou parafrasear um verso do Projota na música “Sem Chorar” que ele diz ” 13 De maio é feriado, procure saber porquê!“. O quê? Pensou que ia vim ler um texto sobre o Coruja e não íamos te fazer pesquisar nada? Ai você tá de brincadeira (risos).

Agora vamos começar a falar do EP: A faixa 1 intitulada “Ícaro” conta com a produção de Deryck Cabrera, em um beat bem leve que dá a intro para o que está por vir. Na letra, o rapper fala de maneira indireta sobre os medos e frustrações após um abandono emocional, como se fosse uma dependência amorosa, onde tudo acaba de uma maneira muito agressiva, e nem o álcool, o sexo, e o dinheiro são capazes de ajudar.

Esse roxo no copo mostra hematomas da alma!

A faixa 2 “Baby Girl” conta a participação de Cazz e produção do Grou, com um dos beats que na minha humilde opinião é um dos mais dançantes do ep, com um dedilhado ao fundo que encaixa perfeitamente e deixa a música ainda mais gostosa.

Enquanto fala de amor, Coruja não deixa de destacar as suas referências com fortes rimas sobre criticas sociais e empoderamento negro. A faixa é como se fosse a continuação da primeira, onde o rapper defende as suas dores no momento de discussão que causam o seu conflito interior.

Ela diz que eu não aprendi amar
E eu vou ter que concordar com ela sim.
Se ela tivesse no meu lugar
Entenderia porque eu fiquei tão ruim…

Na terceira faixa “Som de fazer Pivete“, o rapper conta com participação de Késsia Estácio e Produção de Dj Will, em um boombeap clássico, que marca a continuação do ep em uma faixa que conta com uma ‘reconciliação’ do casal, finalizando toda a história de amor que até então está sendo apresentada.

O som é uma faixa bem lovesong mesmo, em uma pegada bem malandro apaixonado, deixando no bolso aquele meme ‘perdi minha postura de ladrão‘, entende a referência?

Imagina um pretinho com o meu gênio
Imagina uma pretinha com o seu olhar
Imagina se for um casal de gêmeos
Com a graça de Oxalá!

A quarta faixa do ep é a virada no jogo para quem esperava a sequência de lovesongs. Com a participação de Cazz e com a produção do próprio Coruja BC1, a faixa “João e Maria” conta com um dos melhores beats na minha opinião, com uma mensagem de inspiração e superação do rapper.

Dizem que clássicos nascem sem a gente perceber, e eu aposto muito nessa faixa. “João e Maria” é uma referência ao famoso conto infantil, onde em meio as rimas e a mensagem de superação, Coruja BC1 conta a dificuldade de ser MC e viver de um sonho. Em cada verso confirmamos quando ele diz “coloco minha alma em tudo que componho“. Vale a pena dar uma atenção mais que especial em cada referência e em cada verso dessa faixa.

João e Maria, ao meio dia é o almoço, vê se não atrasa
Eu joguei música no caminho para lembrar de voltar pra casa!

A quinta faixa do álbum é uma das que teve os versos gravados pelo Coruja e postada no Twitter gerando uma grande repercussão, e não é pra menos. O som chamado de “VIP” conta com a produção de Deryck Cabrera, e fala muito sobre os principais assuntos desta quarentena: fadas sensatas, dólar em alta, racismo, e com muitas referências ao que aconteceu no BBB20.

A música é a mais curta do EP, mas são quase dois minutos de punchslines, onde Coruja BC1 despeja referências e aborda assuntos que são fundamentais para debatermos e lutarmos no século 21.

Tudo pelo engajamento do algoritmo
Que alavanca as branca blogueira
Depois finge que ama a favela
Mas escondeu a bolsa de noiz a vida inteira!

Chegamos na sexta faixa do EP, talvez uma das mais esperadas pelos fãs. A faixa “Modo F” em sua versão original lançada em 2017 conta com o instrumental de J Cole – A Tale of 2 Cities (2014 Forest Hills Drive), enquanto o clipe foi o primeiro filmado por celular a bater 1 milhão de views em menos de 1 mês na América Latina, e o segundo no mundo.

Desta vez Coruja trouxe a mesmas rimas que o consagraram, mas com assinatura de produção de um dos maiores da cena, o Skeeter. O som que foi muito comentado neste ano com o inicio da quarentena por ter rimas que casam perfeitamente com a situação que vivemos ganhou uma versão com um novo flow, um beat que dispensa comentários e algumas rimas atualizadas, verdadeiramente um “Modo F 2.0“.

Mesmo tendo sido lançado em 2017 e falando que era som de 2020, ao escutar a faixa novamente parece que é lançamento e que ainda estamos 3 anos atrasados em referência a mente do Coruja BC1.

Fiz meu álbum visando o futuro
Pra dar de presente pros meus ouvintes,
Caso cês não entenda as rima agora
Espera mais 3 anos pois fiz pensando em 2023!

Chegamos na última faixa do EP, a que também da nome para o trampo: “Antes do Álbum“.

O som que já havia sido divulgado pelo rapper conta com diversas referências ao BBB, principal atração para a população brasileira durante a quarentena. E o rapper se destacou na cena pela forte torcida ao ator Babu Santana e a médica Thelma Assis, ambos os únicos negros do reality e que sofreram diversas vezes racismo pelos outros participantes e da população.

Muito mais que uma letra, a música é uma chamada para a população abrir os olhos e enxergar mais o povo das favelas e o povo negro.

Virando garrafas igual Zéca, e eu nem jogo boliche
Ficar puto com nossa vitória, boy tem esse fetiche
Eu não sou santo, e já nasci culpado aos olhos da Marcela
Só créditos a quem merece, “Obrigado, favela

O resultado do trampo de amanhã vai valer a espera, porque o trabalho está lindo e merece ser apreciado.

Curtiu o texto?

Assim que o Coruja disponibilizar o som voltamos aqui para atualizar e deixar o link para você conferir o trampo completo!

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