Considerado um dos melhores MCs do rap nacional, David Nascimento, mais conhecido como Amiri, busca resgatar o tempo de hiato na música. Apesar de estar distante da cena, ele revela que buscou se readequar às novas exigências do mercado, mas sem negociar o mais importante: sua identidade. “Consigo ver coisas que eu gosto e criar minha expressão artística.”
Ao RAP TV, Amiri também fala sobre como o racismo estrutural é uma das barreiras para que rappers negros, como ele, tenham a sua arte reconhecida de justa.
Com um trabalho rico em punchlines, metáforas e analogias, ele lembra que anos atrás, ouvia de pessoas próximas que, em meados de 2012, a cena (leia-se público e mercado) não entendiam a sua proposta, mas hoje consegue absorver.
Um dos exemplos de sua qualidade lírica é conseguir rimar palavras ao contrário. Na faixa Apollo/Rude Boy, por exemplo, transforma a frase “O Cirilo” em “O Lírico”.
Apesar de planejar vôos altos com sua carreira neste ano, Amiri se mostra preocupado com os próximos quatro anos, após a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência. Segundo ele, se antes era mais fácil um jovem negro morrer, agora, ficou mais ainda.
Aos fãs do rapper da zona oeste de São Paulo, ele prometeu o lançamento de um EP de oito faixas ainda neste semestre. A má notícia é que os antigos trabalhos não serão disponibilizados nas plataformas de streaming. “Não acho que são maduros para parecer que são promovidos hoje”, explica