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Akira Presidente lança o melhor álbum nacional do ano até agora e vocês não deveriam subestimar o Father

É o father, é o father, é o father.

Olá, subestimadores do RAP Nacional Download. Hugo escrevendo de novo nesta conta para falar de algo que, pasmem, não é a cena de Salvador, mas eu juro que também valerá 30 minutos da sua preciosa experiência musical diária.

Um dos rappers mais subestimados da cena brasileira, Akira Presidente a.k.a O Fa7her (que vulgo pika) dropou (inglês desnecessário de lei) o melhor álbum do RAP Nacional no ano até agora. Pelo menos para mim (hehehe).

Assumidamente não ouvi todos os trabalhos da pulsante cena do rap nacional, mas como há muito tempo eu gosto bastante do Akira e não vejo o reconhecimento a altura dos seus últimos dos seus trabalhos, irei defendê-lo como acho que ele merece aqui.

O pai da Nandi, que em 2017 já havia lançado o ótimo álbum Fa7her – também subestimado – aparece em uma pegada muito mais família do que chefão-da-porra-toda em “Nandi“, seu mais recente projeto.

Dois anos após o álbum em que mostrou um Akira naquele mood padrão de “all on eyez on me, mas não vou morrer igual Tupac“, o integrante do Bloco 7 dessa vez substituiu os papos com os sócios por uma linda homenagem para duas das mulheres de sua vida, Nandi e Ainá.

Aprecie sem moderação

Para quem não sabe, Nandi é a filhinha de Akira com a sua esposa, a Ainá. E o novo álbum é essencialmente sobre elas. O feat. father e mother, inclusive, aparece ao longo das 10 faixas, e a mistura do casal gera uma sexy song gostosa onde Ainá fez a graça de roubar a track. Perdão, father, mas para o verso da Leoa dos Cookies ficar melhor só se ela mandasse um ad-lib tipo “é a mother, é a mother, é a mother“.

Mas começarei explicando a obra de Akira Presidente pelo começo. A maravilhosa e imune de críticas faixa Intro – quem não gostou é nazista – prepara o terreno para tudo que eu falei nos parágrafos anteriores. O father é mais father do que nunca e presta uma verdadeira ode a sua mulher e filha. Um belo desabafo/registro familiar compartilhado em forma de abertura de álbum que toca com sutileza os nossos coraçõezinhos.

Possivelmente você ainda não saiba, mas eu sou um cara que curte bastante raps do tipo bangers e bate cabeça, muito mais do que qualquer outra vertente do rap music. Mesmo fã de beats mais empolgantes e de letras mais sujas (rap de violão não dá), eu fui facilmente pescado por tracks cativantes do novo álbum como “Assumindo o Risco“, “Vivo Como Quero“, “Ela sobe Ela Desce feat. Ainá” e “Promessas“, todas elas recheadas por uma vibe mais clean do que gangster.

Inclusive, puta que pariu, esse refrão de “Promessas” é absurdamente bueno.

A bela capa é assinada por @youknowmyface

Akira meio que acostumou seu público a esperar dele músicas em que “transforma problemas em rimas” e com o tom de chefe da máfia carioca está sempre presente. Mas isso não era bem o que a vibe de “Nandi” pedia. O que Akira fez? Mostrou a versatilidade e a sensibilidade necessária para continuar muito bom. O “se vier na direção disparo” deu espaço para “hoje é tudo por vocês, pra vocês, de vocês, o medo desgraçado de vocês.”

Musicalmente agradável de ouvir, Akira é o famoso bom de flow, habilidade tão banalizada por aí. Além de ter vivência suficiente para canetar o que tem a ver com a cara do rap, Akira há muito tempo é ótimo em refrões e consegue transitar bem pelas duas vias. De fato, o pai nem precisou do Luccas Carlos no refrão.

Depois de “Promessas”, já na parte final das 10 tracks, Akira e BK nos entregam o bate cabeça legítimo de “Nandi” com a faixa “Lamborghini“. Claro que o Fa7her não ia nos deixar sem AQUELA pedrada e agora eu já me imagino puxando bate cabeças inconvenientes em eventos de rap com certas pessoas que não gostam de bate cabeça (???????). Sério, isso será ser discutido em uma próxima oportunidade.

Agora foquemos em Akira e BK. Dois versos maravilhosos + um refrão empolgante = uma das melhores músicas da vida de ambos. Aliás, o duo AK e BK sempre bate certo. Adeus, $$$$$, P.D.M.V, Sem os Vermes Pra Secar e quantos outros clássicos? E atenção, apesar do Bkristo ter marcado sua presença com o nível que lhe é costumeiro, não será permitido dizer que “BK escreveu o melhor verso do álbum de Akira“.

Vai me dizer que tem como não amar essa family?

Depois da bomba de mil que é “Lamborghini”, “Eles Riram” e “Sem Saída” seguem meio que a mesma pegada e finalizam mais um excelente serviço prestado por Akira Presidente ao acervo do RAP Nacional.

Até que eu poderia omitir as partes que não me agradaram tanto, mas eu sou um jornalista sério. Das 10 tracks presentes na ótimo álbum, apenas duas eu hoje pularia caso venha ouvir tudo de novo: “Livre feat. Baco Exu do Blues” e “Dance“. Em ambas não consigo chapar nos refrões mesmo rolando linhas que se salvam. Sobre Baco, sigo com saudade dessa época.

Mas esqueça o breve e último “porém”, o saldo final de “Nandi” é mais do que positivo. O maior trunfo de Akira segue sendo permanecer real. Com linhas cheias de sinceridade e responsabilidade em ser o pai da Nandi e o marido da Ainá, o Presidente acertou a mão de novo. 10 faixas foi quantidade perfeita para que um dos mais esnobados da cena BR presenteasse a sua filha biológica. Como todos somos filhos do Pai, o presente fica para nós também.

Por hoje é só. Lembrem-se de beber água, odiar Bolsonaro e não subestimar Akira Presidente. Abs.

Tracks preferidas: “Intro”, “Vivo como Quero”, “Promessas” e “Lamborghini feat. BK”.

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