Diretamente do Jardim Peri, Zona Norte de São Paulo, as gêmeas Tasha e Tracie lançaram na última sexta (6/11) a faixa “Agouro”, com produção de DJ Billy Mandela, mixagem e masterização por Pizzol e clipe dirigido/editado/finalizado por Lucas Zetre, pelo canal da Ceia Ent.
Após seu último single chamado “Poco”, em junho desse ano, e o EP ROUFF – em parceria com a cantora e produtora musical Ashira – em outubro do ano passado, o novo som de Tasha e Tracie traz de novo toda a originalidade das irmãs, se reinventando e acertando em cheio na sonoridade, no deboche e no recado cirúrgico de cada punchline.
"Neguinha de favela que ninguém botava fé Eu sempre fui do corre, só agora eu tô no flash"
A unicidade do som acontece porque a dupla sempre buscou inspirações musicais em diferentes representantes da música negra, e o costume de ouvir e pesquisar referências sempre foi não só um estudo mas um verdadeiro refúgio, uma perspectiva de vida para as duas.
Junto a isso, tem o fato de que, além de MCs, Tasha e Tracie são o verdadeiro hip hop: na moda como It Favela em seu blog Expensive $hit, no seu coletivo MPIF como exemplo de independência e empreendedorismo da mulher preta de favela, na atuação como DJs e, espalhando conhecimento, na criação de conteúdo sobre diversos temas em seu canal do YouTube e nas redes sociais. No fim das contas, a música delas é a síntese de todas as suas expressões artísticas e posturas.
E é assim que artistas gigantes constroem sua marca e relevância. As gêmeas Okereke na faixa “Agouro” e em toda carreira, consolidam o recado de que o rap precisa urgentemente prestar mais atenção em vozes femininas, pretas e faveladas, porque elas são o grande motor da nossa cultura. Rimando o que muita gente vê mas não ousa falar ou tentar mudar, elas tomam de assalto uma cena que costuma valorizar discursos mais rasos, cis-masculinos e importados.
O clipe está disponível no canal da Ceia Ent. e nas principais plataformas de streaming. Confira: