São Paulo sempre foi um dos berços do rap, mas nos últimos anos a cidade foi se apagando com a popularidade avassaladora dos artistas do Rio de Janeiro, conseguindo pouco destaque dentro da cena e em uma escassez de novos artistas relevantes. Entretanto, de 2022 pra cá o que vemos é uma retomada do estado mais populoso do país rumo ao topo da cena.
O trap no Rio de Janeiro, rico em cultura, personalidade e vivência, foi perdendo sua autenticidade, soando genérico e flertando cada vez mais com o funk. Em contrapartida, São Paulo abraçou o trap the fato, buscando sonoridades diferentes, com versos que nos remetem a essência e a vibe do trap, que não soa tão comercial mas é abraçado legitimamente por quem é fã do estilo. Para além disso, os artistas que vem obtendo sucesso no estado tem algo similar em suas composições: todos criam um storytelling baseado em uma mulher ou em uma história de amor. É como se fosse uma fórmula mágica que automaticamente te carrega ao top 50 do Spotify Brasil. Veigh, KayBlack, Vulgo FK, CJOTA, se você não concordar de primeira ao ler este texto, ouça os últimos álbuns desses artistas. Seguindo a mesma ideia, artistas do Rio como Cabelinho, Chefin e Caio Luccas lançaram álbuns que se tornaram relevantes dentro da cena, mas que se distanciam do trap de cria do RJ. Sejamos sinceros, o amor é a nova onda.
A verdade é que São Paulo retomou seu posto dentro da cena do rap, um movimento que já era esperado, afinal estamos falando de um estado rico, onde temos as sedes das principais gravadoras e plataformas de streaming. Obviamente, o movimento ter sido alavancado por artistas incríveis é maravilhoso, mas devemos perceber o contexto em que as coisas estão inseridas para enxergarmos além da superfície.
Mas fica como reflexão pensarmos em novas maneiras de descentralizar o rap, dando voz para novos artistas e regiões. Até quando vamos ficar noticiando se é o Rio ou SP que tá no topo? Bom… Que a cena possa enxergar novos talentos e NOVAS CENAS do nosso brasilzão, tão diverso e plural como é e deve ser.
Se você é um artista fora do eixo, não deixe de apresentar seu som para nós, vem fazer barulho com a gente.
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