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Lançado em formato digital e cassete, ‘90’s Mindz’ é um trabalho imagético de rap instrumental

Buscando referências na era de ouro do boom bap, o produtor e baterista baiano Dr. Drumah a.k.a. Jorge Dubman (grupo IFÁ) acaba de lançar um álbum preenchido por uma sequência de raps instrumentais. Como o título sugere, “90’s Mindz” é um trabalho totalmente influenciado pelas produções da saudosa década em que o jazzy hip hop mostrou sua força.

O novo disco é resultado da pesquisa de timbres e samples que o produtor desenvolve atualmente e de um processo cuidadoso de escolhas de temas, climas e ordens que narram toda uma história através das batidas. Trata-se de um trabalho imagético que remete à cenas de Spike Lee, clipes do Yo! MTV, vídeos de skate e outras referências do original hip hop.

Num momento em que o rap brasileiro parece andar meio esquecido de como é bom ouvir uns scratchs e colagens, seja entre rimas ou em músicas instrumentais, Drumah não se permitiu dar esse vacilo. “Como eu já planejava desenvolver uma atmosfera 90’s no disco, não poderia deixar de ter um DJ parceiro, então convidei o DJ Sense, que é um verdadeiro turntablist, de Belo Horizonte. A gente já havia trabalhado junto e dessa vez ele inseriu os scratchs em quatro músicas do disco“, revela.

Já tendo assinado batidas de MCs e grupos de diversos países, ele reconhece que a valorização da importância do trabalho de beatmaker no Brasil ainda deixa a desejar. “Eu percebo que lá fora o rap instrumental é mais bem aceito. Existe uma cena de batalhas de beats, sessões live com beatmakers e o respeito pelo trabalho de quem faz as batidas é diferente. O público só vai assimilar melhor essa vertente do rap aqui quando as mídias, os eventos e os próprios MCs também derem mais valor e oportunidade a essa arte“, opina.

Dr. Drumah, sempre teve influências do jazz rap, e nesse álbum não foi diferente. Dentre vários recortes de jazz, captando vibrações de Rhodes e instrumentos de sopro e mesclando aos timbres sujos, scratchs, colagens e filters nos samples, no geral esse álbum remete muito o início dessa cena do jazzy hip hop.

Além do lançamento digital, “90’s Mindz” também ganhou vida em k7, formato bastante comum no exterior entre os admiradores do rap instrumental. “Eu conversei com o Sono TWS (Beatwise Recordings) sobre a intenção de lançar esse trampo em fita cassete e ele fez a ponte para que isso se tornasse possível com o pessoal do selo 77 Rise Recordings, que é de Los Angeles e tem essa cultura de lançamentos nesse formato“, conta Drumah. E em breve, uma cota de fitinhas chegará ao Brasil.

Confira o projeto:

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