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Por que a camiseta estampada com o rosto do Bolsonaro sendo pisoteada me confortou tanto?!

Ao som de “Olho de Tigre”, uma camiseta estampada com o rosto do Presidente da República, Jair Bolsonaro, foi pisoteada no show do rapper mineiro Djonga, durante sua apresentação no festival Planeta Brasil, realizado em BH. Na última semana, o vídeo começou a circular pelas redes sociais, me chamou atenção e serviu de motivação para um desabafo.

“Na hora do julgamento, Deus é preto e brasileiro; E pra salvar o país, Cristo é um ex-militar; Que acha que mulher reunido é puteiro”.

O grito de protesto confortava aqueles que estavam presentes e se sentem, diariamente, ameaçados pelo governo vigente em nosso país. Mas, por que assistir tantas pessoas pisando em uma camiseta fez eu me sentir melhor? Por que senti uma necessidade enorme de estar presente e pisando naquela camiseta também?

Quase duas décadas completas desde que viramos o milênio, cento e trinta anos desde a abolição da escravatura, mas ainda precisamos de uma atmosfera especial para nos sentirmos à vontade para reafirmar nossa autoestima, cor e existência. Eu estou aqui. Mas será que vão me tirar?

Sabe o que mais assusta este que vos escreve? O reflexo que esse presidente tem provocado na sociedade brasileira.

Uma enxurrada de vídeos da trupe branca cometendo racismo no reality show do maior monopólio da TV brasileira. O fato de completarmos quase um ano e não sabermos quem assassinou Marielle e Anderson. Lembrando ainda dos tantos que se tornam estatísticas do racismo enraizado no país. Sem esquecer das toneladas de discursos de ódio disparados de forma massiva na internet, por aqueles que querem nos machucar ou extinguir…. A maior referência dos mesmos que querem nos diminuir, é o nosso próprio presidente.

E mesmo diante a tantas circunstâncias e ocasiões que nos sentimos inseguros ou ameaçados, ainda aparece um comédia no youtube para reagir as músicas da nossa própria cultura e perguntar “Ué, mas é só negro que morre?”. Bem que o L7nnon disse recentemente “Sem noção, não são”.

A roda se formou bem na ‘front’ do palco, enxerguei a camiseta esticada bem no centro como a repressão e a marginalização daqueles que propagam a cultura do hip hop. A letra, coro e adrenalina do momento, eram o grito de liberdade e resistência. Em nenhum momento do vídeo, repito -nenhum-, ouvimos o Djonga convocando a multidão para fazer isso. Mas, mesmo que tivesse, interpretaria o seu pedido como este texto…. um grito de socorro. Obrigado aos envolvidos.

https://youtu.be/C7jks6SEmxw