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Studio Ibori apresenta a demo tape ‘Supremacia’, por Aganju

Aganju acaba de soltar a sua primeira demo tape nas plataformas de streaming. Assinadas pelo MC Aganju – um dos componentes do grupo Us Pior da Turma -, as três tracks da demo tape “Supremacia” trazem um olhar microscópico sobre a supremacia branca no Brasil, a partir dos sentidos, significados, experiências e observação de um jovem homem negro, que tem sobrevivido em um dos Estados que mais mata gente preta no mundo: Bahia.

Os beats são assinados por DJ F3LIP3, em “Maria é quase da família” e “Guerra e Paz Bahia”, e MK Lokonsciente na track “Supremacia”. A capa da demo tape foi escolhida minuciosamente por Aganju, uma fotografia histórica no século XIX, que retrata os padrões raciais e requintes de dominação racial que permanecem ate hoje no Brasil. Racismo esse, que tem se fortalecido secularmente e que contemporaneamente estrutura o  modelo de Estado, a sociedade civil e as relações interpessoais entre pessoas negras e brancas no Brasil.

A demo tape é uma viagem perturbadora, angustiante e visceral sobre os meandros do regime de terror racial ao qual estão submetidos os negros no Brasil. Sobretudo, em um contexto em que não se pode mais esconder o caráter genocida de um pais que tem construído variados dispositivos para destruição total da população negra.

Diante desse contexto de guerra racial de alta intensidade contra pretos. O que pensa, sente, vive e formula um jovem homem preto na Bahia? Supremacia é um documento. Um documento escrito a partir das dores, traumas, resistências. Um documento visceral, esteticamente perturbador e angustiante. Um documento redigido por uma experiência sensorial, a partir de dados históricos, especialmente, o corpo negro, mutilado, aprisionado, humilhado e ainda contemporaneamente escravizado.

Aganju ao falar um pouco sobre a demo tape nos diz: “A supremacia branca nunca esteve tão consolidada. A eleição de um presidente com princípios neo-nazistas como é o caso de Jair Bolsonaro reafirma um modelo de Estado que nunca deixou de nos caçar, capturar e abater. Nossa tarefa primordial agora é sobreviver ao que estar por vir. Mas para além de regimes políticos, ou modelos de governo, a supremacia é um regime de poder, que atinge instituições, mas também as percepções afetivas, sensoriais e de significados de pessoas brancas e negras no Brasil. Essa demo tape pra mim foi uma experiência criativa perturbadora e desafiante, seja do ponto de vista do que escrevi, a escolha dos beats e da capa. Fugi de análises obvias sobre a supremacia e tentei construir uma analise microscópica, pautada em experiência, observação, nos sentidos e significados de viver na Bahia, o pior lugar do mundo para uma pessoa preta sobreviver. Essa demo tape é meio de embrulhar as tripas, por isso foi muito importante a produção musical de dois beatmakers, que musicalizaram a atmosfera de terror racial que pessoas pretas estão submetidos cotidianamente no Brasil”.