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D’Ogum e o afrocentrismo do EP ‘Do Banzo ao Orun’

Integrante do grupo Projeto Preto, D’Ogum estreia na carreira solo com ‘Do Banzo ao Orun’, onde não economiza autoafirmação e ostenta uma forte conexão com seus ancestrais, enquanto reverencia os Orixás nas músicas ao longo do EP.

Agressivo, sensível e poético ao mesmo tempo, o EP nos leva à uma viagem ao Continente Mãe mesmo sem sair do lugar, lembrando um pouco o último álbum do Emicida (Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa…). As intros e outros entres as faixas dão um toque especial, envolvendo ainda mais o ouvinte e deixando a experiência um tanto quanto íntima.

O processo de criação foi sem pé nem cabeça. Sinto que ecoava uma gargalhada de Exú em tudo que tava acontecendo. Algumas músicas eu já tinha escrito, porém não me sentia seguro para soltá-las. Tudo se encaixou como um quebra-cabeça depois de um ato de autoperdão que tive comigo mesmo diante de uma situação extremamente dolorosa que já carregava há anos como um fardo. O disco nasceu a partir disso. Como um presente! É o novo que já nasceu velho.

A produção impecável de Vibox (Projeto Preto) conversam com as rimas de D’Ogum como se fossem almas gêmeas, e o mesmo pode-se dizer da voz melodiosa de Viic Oliveira que se faz presente nas últimas quatro músicas.

“O nome reflete o que nós, pessoas pretas em diáspora, vivenciamos por aqui. O Banzo bate diariamente, é uma sensação muito forte de não pertencimento, de melancolia profunda, de desespero contínuo, de inúmeras enfermidades que são frutos da falta do nosso Orun. O Orun é a falta de conhecimento de onde viemos, de nossa própria história (…) Orun é o sopro dos nossos ancestrais. É a afrocentricidade viva em nossos corpos.”, fala D’Ogum.

E ele finaliza dizendo, “O nome reflete isso! Do Banzo ao Orun é essa dança secular sentida em nossas peles, que enfraquece e fortifica a nossa melanina diariamente. Sem pretensão de apontar respostas prontas, mas sim de ativar os sentidos adormecidos dentro dos nossos para que a reconexão do que já fomos, do que ainda somos e do que sempre seremos, seja novamente restabelecida, de acordo com a subjetividade e complexidade da vida de cada um”.

Do Banzo ao Orun é um dos trabalhos mais importantes e necessários já lançados no rap nacional, ouça agora o EP de D’Ogum: