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RND Entrevista: Japa fala sobre a Mixtape Rei Gelado

Atualmente, mesmo o Rio de Janeiro sendo um dos grandes expoentes de música em um cenário nacional, diversos projetos artísticos, eventos e até mesmo cenas inteiras ficam por de fora das redes sociais e dos canais de mídia do país.

Atualmente, mesmo o Rio de Janeiro sendo um dos grandes expoentes de música em um cenário nacional, diversos projetos artísticos, eventos e até mesmo cenas inteiras ficam por de fora das redes sociais e dos canais de mídia do país.

Partindo deste ponto, diversos artistas como Gabriel Botelho, A.K.A Japa, do selo MB Records – RJ tem apresentado material fresco dentro da cena do trap, como no último dia 14 de outubro, disponibilizando seu projeto de estreia, a Mixtape Rei Gelado, uma icônica alusão ao antagonista do seriado animado Hora de Aventura.

Projeto este, que conta com seis faixas, dialoga sobre amores, desejos, ambições, drogas, bebidas e diversos dilemas pessoais do artista, passando por sabores ácidos como em Primeira Dama e gritos de liberdade como na faixa três – Rajadas, provando que não necessariamente uma mensagem direcionada ao público precisa ser de conscientização, fato que atrapalha grande parte do processo de evolução do Rap no Brasil, pois os dilemas pessoais, dramas, medos, angústias, assim como os sentimentos de felicidade, podem tirar uma pessoa da depressão, ou tornar o dia dela mais feliz sem precisar de uma mensagem reta, e sim mais introspectiva, parafraseando a máxima “Conhece-te a ti mesmo”  escrita na entrada do templo de Delfos.

Notando o grande potencial do trabalho, bati um papo com o artista, no mesmo dia que Victor Cs que acabou de estrelar o perfil #35 da pineapple, ambos são amigos há alguns anos e você pode conferir as duas aqui no RND.

Fala aí Japonês, como foi o processo de criação da Mixtape?

– Foi muito bom, libertador, gratificante, me senti bem comigo. Sempre tive liberdade de escrever o que eu queria nos meus grupos de rap, (4:20REP e BllkGang) mas como todos os sons são solos pude por minha identidade e personalidade no conjunto da obra. O momento de lançamento também foi ótimo, me deu ânimo a continuar a minha carreira.

Diz um pouco mais sobre sua trajetória antes do teu projeto de estreia.

–  Eu comecei a fazer minhas primeiras letras em 2011 com o envolvimento na roda cultural de São Cristóvão, e em 2011 mesmo tivemos a oportunidade de gravar duas músicas, ” Ela gosta” e “Família”  la na Humilde produz do Sahell que na época tava fechado com o Comando Selva e o Tiago Mac, que hoje trabalha com o Kayuá, Sant, etc. Daí a partir desses dois sons tivemos a ideia de montar nosso próprio estúdio, em 2012 demos início nos nossos trabalhos com mais força, formando em 2014 a MB Records que conta hoje com cerca de 80 projetos lançados, entre Mixtapes, clipes e singles.

Irado! Me fala um pouco mais sobre teus projetos fora do Rap?

Claro!  Desde os 19 eu trampo com cultura, fiz parte da equipe de reinauguração de um centro cultural na Barra da Tijuca, lá aprendi  muito sobre diferentes tipos de artes , diferentes estilos musicais de diferentes lugares do Brasil e do mundo, e desde essa época venho conciliando minhas atividades envolvendo arte de alguma forma, tipo filmando clipes de quem trabalha no rap comigo ou trabalhando como fotógrafo independente.

Pra finalizar, quero saber como você acha que a cena atual do Rap no Brasil pode ser definida, você vê mudanças pra melhor? E suas referências atuais no Rap nacional e internacional, quais são?

– Então, eu tenho ouvido e visto muitos trabalhos novos fodas pelo Brasil todo. Isso é ótimo, o rap ta crescendo muito em novos estados e as pessoas também estão buscando novas músicas para ouvir, é a expansão da cultura. Porém, com todo esse crescimento da música, também acontece a alienação e o não aproveitamento da cultura, e isso é foda, já que vivemos em um mundo em que tudo ta se tornando produto descartável e o rap também acaba sendo fisgado por essa ideia.

Mudanças sempre ocorrem e creio que com o tempo o público e os artistas vão amadurecer. Tem uma grande porcentagem de jovens fazendo e ouvindo rap hoje e eles ainda vão entender o espaço de cada um na cultura, o estilo de cada um, a ideia, e, assim aprender a respeitar a todos sem desmerecer, criar pódios etc.

Atualmente tenho ouvido muito o álbum da Flora Matos, pra mim foi o melhor do ano e o Young Thug e o Tyler, The Creator, que são dois artistas que eu sigo fielmente.

Você pode ouvir a Mixtape Rei Gelado aqui“: