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RND Entrevista | “A maior dificuldade na cena é esse estrelismo ridículo”, diz DoisAs

Conhecido por sua lírica agressiva e estilo “sujo” nas linhas, o MC nascido em Salvador, mas com família toda de Cruz das Almas-BA, representa uma grande parte de rappers brasileiros que sofrem com a falta de apoio em sua própria cidade no que diz respeito a terem espaço em shows locais.

Antonio Augusto Figueiredo, 22 anos, vulgo DoisAs (a.k.a Rato Nato) é ainda um representante forte do Rap underground brasileiro.

Conhecido por sua lírica agressiva e estilo “sujo” nas linhas, o MC, nascido em Salvador, mas com família toda de Cruz das Almas-BA, representa uma classe de rappers brasileiros, que sofrem com a falta de apoio em sua própria cidade no que diz respeito a terem espaço nas tracklists dos shows locais.

(Caso ainda não o conheça, aperta o play aí)

Apesar do visível crescimento da cena do rap nacional, “viver de Rap” ainda é para poucos e isso perpassa por uma série de fatores e camadas que compõe a tão falada “cena”.

As perguntas abaixo foram feitas pela jornalista Laísa Gabriela na troca de ideia que o ex-integrante do grupo Sincronia Primordial teve com a equipe do RND. DoisAs fala um pouco sobre a sua caminhada, relata suas referência e indica os obstáculos da cena. Peguem essa visão!

Primeiramente, por que DoisAs?

DOI$AS é justamente por meu nome ser Antonio Augusto, duas letras A. Preferi DoisAs à “DoisAses” porque pareceria duas pessoas, só depois disso lembrei que o As era a carta de maior valor no baralho, juntando isso a sonoridade mais redonda ficou perfeito para mim.

Como você se envolveu com o rap?

Me envolvi com o rap muito cedo, eu não tinha nem 5 anos e já escutava. Meu pai não foi presente na minha vida, mas quando me batia com ele escutava algumas boas coisas. Ele tinha vários CD’s de Eminem e toda vez que eu me batia com ele eu levava todos para minha casa. Ele ouvia Linkin Park e Ja-Rule pra caralho. Minha mãe também escutava algumas paradas quando eu era bem “pivete”, ela sempre foi alucinada por Bob Marley, O Rappa, Gorillaz e tinha um CD do Gilberto Gil,  Kaya N’ “Gan Daya”. Eu era viciado nisso e em umas tracks da Cassia Eller.

O que você escuta?

Escuto muito Wu Tang, Eminem, Mobb, Earl Sweatshirt, Jahsco M2 e Matheus Coringa.

Você fez parte do grupo Sincronia Primordial, quantos lançamentos têm com eles?

Eu fiz parte do grupo enquanto eu era da Hash produções. Comigo eles tem o álbum “Várias Visão”, sendo projetos meus “Nordeste Marginal” e “Roda o beck pra mim” e dois clipes “Nas ruas do nordeste” – esse com participação do Predella do Costa Gold – e “Geral tá bem”. Solo tenho lançado alguns singles no soundcloud e uma demotape de trap, que é a  “RAT0$!NATRA. demotape

Quem são os músicos que te inspiram?

Mano, acho Mobb (D.D.H) um rimador excelente, Vandal, Busta Rhymes, Method Man, RZA e Raekwon também são caras que eu me espelho.

Você tem muitas participações, principalmente com o D.D.H. e o pessoal do NaCalada, fala um pouco sobre e se já existe parcerias futuras.

As participações foram mesmo por afinidade, eu curtia as rima dos caras e eles curtiam as minha linhas, então escrevemos logo umas 3 ou 4 tracks. Mesma fita foi com os cara do NaCalada. O Sico e o Dactes são pivetes monstros que sustentam uma bronca pesada aqui, gravam vários das áreas. Já existe uma participação com Sico do N’ativa “Entulhando cadáveres”.

Você já consegue viver exclusivamente de rap? Qual a maior dificuldade que tem encontrado na cena?

Não consigo. A maior dificuldade que se passa na cena é esse estrelismo ridículo que alguém quando atinge certo nível de reconhecimento abraça. Parece uma maldição, tá ligado? Ficam perdidos no parecer e provar. E então o movimento é dividido entre seus ciclos fechados. Poucos são bem pagos só por ter um trampo consistente. Se o preço do show de um MC for dado pela sua quantidade de views, já dá pra sacar o tanto de coisa que tem errada. Quando digo isso me refiro a cena, porque eu tô me fudendo pra isso. E vou nem falar de descaso dos contratantes.

Quando e como decidiu se tornar MC?

Rapaz, eu devia ter uns 10 anos de idade. Falei com todo mundo que conhecia que ia ter 30 anos e ganhar 700 reais só de rap. Exatamente desse jeito falei para uma “rapa”.
Todo mundo ficava em choque. Risos.

Fala sobre o que você aborda nos seus trampos. 

Não minto nos meus sons, se eu rimei aquela parada foi um posicionamento meu, opinião, opção, visão, sentimento expresso mesmo. Eu procuro ser eu.

O que você espera do RAP BA? O que acha da ascensão do rap baiano e nordestino nesse último ano?

Rapaz, não é de agora que o RAP BA tem monstro pra caralho. Digamos que o processo de aceitação só começou, está no início ainda.

Abaixo listamos um pouco dos trampos solos de DoisAs que já estão na rua.
Coloca o capacete.

DoisAs também acumula participações de peso, como esses dois singles com o grupo D.D.H (na época formado pelos rappers Mobb e Baco Exu do Blues).

https://www.youtube.com/watch?v=32U3F1MBQsg

https://www.youtube.com/watch?v=GIwM55JH56A

E com a galera do NaCalada Rec.

https://www.youtube.com/watch?v=Z8iMxZ6lG3o