Connect with us

Hi, what are you looking for?

Old

Entrevista: Sombrio, louco por boom bap e metáforas, Matheus Coringa fala sobre seus projetos

O entrevistado da vez é o baiano Matheus Coringa que, apesar de residir no Rio de Janeiro, não perdeu a essência soteropolitana.

Depois de bater um papo com Sant, Menestrel, Og Thug e outros nomes do rap nacional, o entrevistado da vez é o baiano Matheus Coringa que, apesar de residir no Rio de Janeiro, não perdeu a essência soteropolitana. Com 22 anos, muitos trabalhos e participações já lançados, Matheus diz que seu apelido, “Coringa”, tem vários motivos. “Uns eu digo que é pela aparência, pelos dentes amarelados e feios, ou pelo olhar de maluco… Para outros, falo que é pela maneira de pensar”. Confira a entrevista completa.

Por que Coringa?

– Acredito que o Coringa é para mostrar tudo o que a sociedade finge não pensar, o lado sarcástico, irônico e psicótico.  Mostrar a crueldade dos nossos pensamentos mais ocultos quando o vazio toma conta. Coringa é um Persona, por assim dizer, ou melhor, uma imagem do que nos repudiamos como belos hipócritas acorrentados a uma sociedade que finge ser humana e busca um padrão de “how to live”, que acabará com as mentes mais geniais do século. Por isso tem gente que me odeia, diz que eu “Semeio” o CAOS, não! Coringa é um agente do Caos, sim, mas eu só repasso a Verdade, a minha verdade. Não afirmo que a minha verdade é absoluta, mas como parte desse corpo universal chamado VIDA, creio eu que existe um pouco do Coringa em cada um de nós.

Recentemente você gravou perfil para a Pineapple TV, como foi?

– Foi Massa! Equipe foda e bastante proativa. Paulin, que é o CEO da Pineapple, já é meu conhecido de longa data daqui da área, já dei muita bongada com ele e vi ele começando com a marca antes desse hype todo. Fico feliz pra caralho ao ver a proporção que isso está tomando. Um belo dia ele me fez o convite, disse para escolher um beat do email e chegar lá pra gravar. Eu, como um bom maluco, escrevi da minha forma e fui. É um TRAP ainda por cima, salve Fejão Beats! O Malak, que é o produtor da Brainstorm e responsável pela parte de áudio do canal, é super gente boa! Já conhecia meu trampo há algum tempo eu já estava ligado no trampo dele também. Fico feliz pra caralho por ver um projeto de tamanha magnitude sendo feito por amigos da área, ZO, Vargem Grande está muito bem representada.

Boom bap ou Trap, e por quê? (Acho que já sei a resposta haha)

– Boom Bap, fíaaa! Curto trap também, apesar de não ouvir muito, o Trap Nacional que está me fazendo mudar esse gosto, às vezes eu ponho uma do IGU, do Derek e fico marolando, curtindo o role, mas minha essência e minha pegada mesmo é boom bap. Quando tu sente aquela caixa estalando, aquele sample macabro que tu não sabe nem de onde veio, arrepia! Como Davzera diz “mas o boom bap resposta mano, deixa com os mestres”. Hahaha

Você trouxe Davi Nadier em um trampo seu, “Peso Fino”, pretende fazer mais parcerias com seus conterrâneos? Fale um pouco sobre e se já existe parcerias futuras.

– Eu ia fazer uma mixtape antes só com MC’s Baianos (as), chamada “VÉI“, mas por conta de diversos problemas pessoais e da distância, a organização ficou meio difícil de prosseguir com a ideia a tempo. Pretendo ir pra Bahia passar um mês e vou fechar com vários manos que tenho contato por lá. Já saiu som com o Davi, com o Baco, o próximo dessa lista é outro mano que me identifico muito, o Mobb! Outro mano que não sei se está ligado em mim ou curte meu trampo, mas queria rimar em cima de um beat de Grime com ele, é Vandal. Balah e fogoh, porra! Haha Seria muito louco!!!  Aurinha é uma mina que espero trampar quando cair pra SSA também e vários outros bruxos, mas vou deixar em off pra vir como surpresa!

O que você escuta e quais são suas influências?

– Então, no começo eu escutava muito Rock, queria ter uma banda de rock, mas não tive a oportunidade. Já fui bem mais eclético, o que anda em meus fones atualmente é Nirvana, Skepta, Mf Doom, Odd Future, Tyler,Earl, MellowHype, Qua$imorto, Davzera,Mobb, Estranho, Yung Buda e as guias secretas da O.D. KILL e acho que só. Não vou mentir dizendo 10 mil nomes só para mostrar que manjo de Rap pra caralho, basicamente escuto as mesmas coisas sempre. Minhas maiores influências são esses caras mais ‘antissociais’ pique Kurt, o Doom, Earl. Davzera é um mano que me trouxe muita esperança no Rap Nacional por eu me identificar com a vibe dele.

Além de rapper, você é beatmaker, na verdade, faz um pouco de tudo, gravação e edição de vídeos também, pelo que vi. Você acha que para um rapper independente, atualmente é bom saber um pouco de tudo, justamente para não ficar na dependência de terceiros, ainda mais para os que são mais under, como você?

– Foi o que você falou “independência” em todos os sentidos, o cara tem que ser cada vez mais autodidata e parar de depender dos outros, eu aprendi um pouco de cada e vou aprimorando o que sei, sem pedir opinião pra ninguém. A galera na maioria das vezes complica em vez de ajudar e tu acaba se estagnando, faço o que você achar legal! Só não dependa dos outros.

Você tem essa pegada de rap sujo, bem underground mesmo, é uma característica sua e vejo como algo positivo porque o torna único no que faz, como reage a isso, como desenvolve seus trabalhos?

– Eu comecei a perceber que o que eu queria escutar, não encontrava muito aqui e decidi misturar tudo o que curtia. Dei um LEVE toque do meu humor ácido natural de Matheus do dia a dia, quem é meu amigo sabe e o resto é puro foda-se!

Foto Asa400

Fale sobre os seus trampos já lançados.

– Então, oficialmente já lancei “Ilógico 1” que foi o primeiro som/videoclipe que mostrei totalmente minha identidade como “Matheus Coringa”. Os trampos anteriores foram todos de experiência e estudo para depois começar já quebrando a porra toda. rsrsrs Após de Ilógico, trampei bastante pelo meu selo O.D. KILL, onde soltei vários singles em collab com meus amigos, algumas mixtapes perdidas pelos confins da O.D.! Eu realmente foquei muito no crescimento da O.D. e depois disso parei e fiz meu primeiro “álbum”, que foi o NICTOFILIA, um álbum visual de total identidade e roteiro próprio com direção e a porra toda do meu mano mestre Cayo Carignani, que a cada dia que passa eu venho aprendendo mais com ele e inclusive estamos filmando uma serie de humor no sense total kkkkkkkk

O que te inspira a escrever? O que costuma abordar em suas letras?

– As minhas observações nesse plano, penso em rap 24hrs, em analogias, em metáforas, em figuras de linguagem, mas tudo vem da forma que vejo as coisas. Às vezes vejo as coisas com muita profundidade, diferente dos demais que vivem apenas por viver suas vidas, mesmo sem buscar um sentido concreto em viver sem ter sentido.

Qual a maior dificuldade que tem encontrado na cena?

– Da cena? Planejamento! Dos Rappers? Identidade própria! Muita galera quer ser Rapper só pelo “lifestyle” que se passa e ainda nem se encontrou como músico…ou como pessoa, eu acho que a cena vai melhorar muito quando a gente mudar o nosso próprio pensamento e começar a se cobrar mais antes dizer que é “RAPPER”

Fale sobre o início da sua jornada no hip-hop e quando decidiu cantar rap.

– Com o Hip-Hop foi MUITO cedo. Tinha uns sete ou oito anos, admirava muito os bboys, assistia muito vídeo de batalha e sempre tentava imita-los (kkkkkk). O rap sempre esteve lado a lado na minha vida, minha mãe é bem nova, ela curtia muito Racionais, inclusive, já fui em um show deles na barriga dela segundo ela. Não conheço meu pai, mas minha mãe dizia que ele cantava músicas do Facção Central,  509-E, Dexter e etc para eu dormir. Fui influenciado pelo meu sangue, sempre escutei muito Rap Nacional por causa dos meus familiares e amigos mais próximos.

Foto Asa400

Sempre escrevi poesias na escola, sempre fui bom aluno quando se tratava de letras ou algum processo criativo. Com o tempo fui aprimorando isso no improviso, onde zoava meus amigos na sala de aula e sempre o retorno deles era incrível. Aos 12 anos peguei um beat do “Diário de um Detento” e fiz uma paródia, meus amigos passavam mal de rir e meu foco nunca foi ser um “Rapper”, eu queria mesmo era ser jogador de futebol, mas fodi meu joelho muito cedo!

Depois de tanto incentivo e aprimoramento, tive um grupo chamado “Tarja Pretta“, que me ajudou a evoluir bastante minhas rimas. Parei pra pensar um pouco e vi que eu fazia bem aos outros, ajudava os outros a se identificar com algo, com alguma causa, ai já não tinha mais como sair do rap, estava entregue ao movimento totalmente.

Fale sobre o coletivo O.D. KILL

– Então, o O.D. KILL já passou por diversas etapas, era uma idéia que eu tinha que transformei em um coletivo que tinha membros no Brasil e no mundo, pessoas que eu nem conhecia direito, mas que eu via um potencial de crescimento muito grande, a intenção era ser uma TROPA que representasse o ideal da O.D. e desse espaço no rap underground como um “portal de mídia”, mas devido à falta de afinidade com alguns membros que moravam mais longe da base, aqui no RJ, vi que  a gente tinha estagnado, só havíamos lançados alguns “cyphers” com convidados e era isso, soltamos alguns singles e clipes também mas nada que desse um formato concreto a parada.

Decidi fazer uma reforma, todos que estão na O.D. foram convidados por mim, decidi botar os pingos nos i’s e tirei mais da metade que eu não tinha afinidade. Deixei os meus amigos de verdade, todos são pessoas que nos momentos ruins que passei, eles estiveram comigo em, é um sentimento puro de família. Após a saída de vários membros, deixamos de ser um “coletivo” e passamos a ser um SELO/GRAVADORA, que engloba Artistas e Grupos. Ssão seis grupos, seis artistas solos, seis Beatmakers e o nosso Videomaker Oficial, que em breve está vindo pra cá, meu primo Gabriel Majin.

Os grupos são: Antropófagos e Navio Fantasma (Manaus – AM), Reservado, CNXVG, Quarto4 e HcA (Rio de Janeiro – RJ). Os artistas solos são: Eu (Coringa), Dincarri, Pedro Rastata, Noturno e Prauk (Rio de Janeiro -RJ), Suri Infécta (Manaus – AM e Ex-Tarja Pretta, assim como eu). E os Beatmakers e produtores são: GUZdoCapão (São Paulo – SP), Olavo, Gul8, P.GIL, Théo (Rio de Janeiro – RJ) e Luedke (Genebra – Suiça).

Esse é o time que fechou o formato da O.D. KILL como um SELO, em breve lançaremos nosso primeiro álbum e também, o álbum dos respectivos artistas e grupos no canal da O.D. KILL, onde sairá a maioria dos trabalhos de todos.

Foto Asa400

Quer falar algo para quem te acompanha?

– Sejam vocês mesmo e taquem o foda-se para a opinião padronizada dos outros, só isso! Sejam independentes pra vocês não terem que esperar filho da p*** nenhum, perdoe-me o palavrão, mas é a real. hahahahaha Tem que ser agressivo pra galera acordar e começar a se movimentar. Aaaah, espero que vocês não esperem nada de mim além do inesperado, não me rotulem como alguma coisa, que só de bode eu vou fazer completamente o contrário, sempre! E amo vocês, meus queridos ouvintes. ♥ Obrigado pelo convite, RND e parabéns pelo trabalho, Lai, você escreve bem pra caralho!!! Muita luz e progresso para nós, SALVE O RAP NACIONAL!!!!

Acompanhe Coringa nas redes sociais:
Facebook |Instagram Twitter Youtube |Soundcloud | Canal da O.D. KILL