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O underground e a revolução em forma e conteúdo no som ‘Peso Fino’, parceria de Matheus Coringa e Beirando Teto

No último dia 7 de abril, quem acompanha o Rap baiano, ficou em choque com os degraus pro subsolo que a colaboração entre o Matheus Coringa e Beirando o Teto nós fez descer.

No último dia 7 de abril, quem acompanha o Rap underground, ficou em choque com os degraus pro subsolo que a colaboração entre o Matheus Coringa e Beirando Teto nos fez descer. “Peso Fino” foi produzida pelo próprio Coringa, um beatzinho seco, do jeito que ele gosta, numa pegada bem tropical, largadona, que traz o contexto perfeito pros toques de ironia que marcaram a música e, de certa forma, marcam o trabalho de ambos.

Coringa, depois de conhecer e curtir o trampo do Davzera, deu um salve nele  para falar da identificação que tinha rolado. Muita ideia trocada e o feat de fato aconteceu, acabou rolando quando Matheus fez a instrumental e no fim disse: “carai, essa fita é a cara do Davzera”. E assim que ele mandou, o Davi já curtiu e falou pra ele escrever a guia, e quando recebeu o pedido, escreveu a parte dele no mesmo dia.

Quis saber da inspiração e dos objetivos que motivaram essa composição e fui surpreendida com a resposta. Diferente de alguns mc’s, os dois não curtem trabalhar com tema, deixam a composição livre. E “Peso Fino” não foi diferente disso: “O tema é sempre livre a gente pega a vibe do beat, que nesse caso trouxe bastante liberdade. E quando a gente fala em liberdade, tamo falando dessa fita do trampo independente mesmo, de ser original, mostrar que o underground é uma junção de pensamentos similares sendo abordado de formas diferentes”, disse Coringa.

E o Davi completou: “A parte que eu falo do currículo, de estar suando, simboliza a parte do trampo independente, tá ligado?! De ter um estúdio e botar pra frente, de se conseguir fazer um feat com um mc de outra cidade, isso é força de vontade né veio? Fazer com amor, pegar um beat de foder e fazer uma parada funcionar”.

É curioso como o underground traz pensamentos similares em abordagens diferentes, enquanto o Davzera acha importante sempre trazer questionamentos sociais, com um toque leve de gastação, que dá o equilíbrio entre compromisso e entretenimento; o Coringa prefere fazer suas críticas permeadas de ironia.

E acredito que essa é a maior revolução. Não se trata de algo que somente traz palavras de protesto de uma maneira convencional, mas que tenha o poder de incomodar, levantar questionamentos, não apenas pelo conjunto de palavras colocadas, mas pela forma em com elas são colocadas.

E o Coringa me explicou isso bem demais: “Tem gente que não sabe ouvir de uma forma, mas sabe ouvir de outra saca?! Que as vezes você falando sério e nego não vai querer prestar atenção, mas quando você satiriza ele consegue entender. Como você falou Bia [autora da matéria], o underground é  pura resistência, a gente tem que mostrar que nós  somos pessoas normais que fazem música e, pela forma que a gente vivencia as coisas normais dentro do underground, a gente acaba pegando uma visão que tem que ser passada. Tentar elevar a consciência pra pensar no próximo, por que não tem como perder essa força que a mensagem tem. E por mais que seja importante encontrar a sua identidade como artista é preciso que a gente tenha senso das coisas, não levantar bandeiras preconceituosas por exemplo, e aprender também a não saturar. Trazer esses problemas da vida de gente normal, que a gente é, de uma maneira sutil, de uma forma diferente, pra realmente fazer as pessoas se questionarem, tentarem entender.

Acho que deu pra sacar o porque eu gosto tanto desses meninos né?! Daqui pra frente é continuar torcendo pra  esta independência e responsabilidade continuarem virando, evoluindo.