Eu escrevi e publiquei uma matéria sobre o evento que acontecerá na cidade de Pelotas no Rio Grande do Sul dia 2 de novembro, em uma charqueada da cidade, você pode conferir aqui: Matuê e o seu show de rap em um local considerado o purgatório dos negros.
Eu conversei com a Clara, linha de frente e produtora do rapper Matuê, levei até ela o assunto que virou vídeo no Quadro em Branco e matéria no RND. Dei toda a liberdade para que ela pudesse dissertar sobre o assunto, ela foi categórica em afirmar que desconhecia sobre a origem do local que sedearia o show no dia 2 de novembro do artista na cidade de Pelotas.
Eu acredito nas palavras dela, pois o foco da matéria em nenhum momento se tratava de alguém ter a obrigação de saber o que é uma charqueada, porém se tratava do fato de saber o que é e mesmo assim ficar parados. No momento que 30PRAUM e Matuê ficaram sabendo, eles não ficaram parados. Ainda há pouco, a Clara entrou em contato e informou:
“Bom dia, Daniel! Tudo bom? Após recebermos a sua mensagem ontem, entramos em contato com o contratante, estamos na procura de um outro lugar para o show, na pior das hipóteses terá uma remarcação. Mas tocar neste local realmente é inaceitável! Obrigada por ter me informado!”
Voltar atrás no planejamento do evento, para torná-lo de fato congruente com os valores e princípios do hip hop é algo digno e que merece reconhecimento. Algumas pessoas vão falar que isso não passava de uma obrigação do artista, produtora e organizador do evento, porém sabemos o quão difícil e burocrático é se fazer um evento.
Saber que o Matuê se preocupa com isso, é um acalento e mostra que o hip hop permanece vivo dentro dele e dentro de todas as suas vertentes e variedades. Em nenhum momento foi intenção do RND culpabilizar o artista, pois reiteramos mais de uma vez, essa é uma questão muito maior do que “Matuê”, essa é uma questão sobre a cultura negra e o hip hop.
Assim que um novo local e ou data forem definidos, o RND informará a todos.